No início de agosto eu viajei para a Argentina para participar de um Fam Tour pela empresa que eu trabalho e visitar Mendoza e Las Leñas. ♥
Foi uma viagem de última hora e nem tive tempo pra programar muita coisa, mas por outro lado, tínhamos uma programação pronta para os dois destinos, então foi uma viagem bem diferente pra mim.
Sobre Mendoza
Mendoza é a capital da província de Mendoza, na Argentina, aos pés da pré-Cordilheira dos Andes.
O destino é conhecido pela produção de azeite e vinho – principalmente o da uva malbec. Mendoza é a “adega” da Argentina, responsável pela produção de 70% dos vinhos do país e é a região que mais produz vinhos na América Latina.
Assim como Bordeaux (França), San Francisco – Napa Valley (Estados Unidos), Verona (Itália), Bilboa-Rioja (Espanha), Adelaide (Austrália), Porto (Portugal) e outras cidades, Mendoza foi selecionada pela GWC (Great Wine Capitals) como uma das principais regiões mundiais na produção de vinhos.
O clima por lá é árido e não é a toa, Mendoza é um deserto irrigado pelo homem. E olhando Mendoza hoje, um oásis, com as ruas arborizadas, parques e muitas praças a gente nem imagina que ela foi completamente destruída por um terremoto em 1861.
As três principais regiões de vinícolas são: Luján de Cuyo, Maipú, e Valle de Uco.
Eu achei surreal as paisagens e aquele cenário que combina vinhedos + Cordilheira dos Andres. É muito lindo e eu já quero voltar! ♥
Como chegar em Mendoza
Mendoza fica a quase 1000km de distância de Buenos Aires e 350km de Santiago.
O jeito mais fácil de chegar lá é através do Aeroporto Internacional Gobernador Francisco Gabrielli, que fica a 8km de distância do centro da cidade. Dependendo da cidade, tem voos direto do Brasil. Eu fui de Aerolíneas Argentinas, partindo de de Porto Alegre e fiz (uma longa) conexão em Buenos Aires na ida e um stopover na volta.
Quando ir para Mendoza
As vinícolas abrem o ano inteiro e, assim como eu comentei no post sobre o Vale dos Vinhedos, cada estação tem o seu charme.
- Verão: as parreiras estão cheias de uvas e é a época da vindima (colheita). Dependendo do mês a temperatura pode chegar a 40ºC. Chove pouco em Mendoza, mas quando isso acontece é geralmente no verão.
- Inverno: os parreirais estão secos, mas na minha opinião tem o charme extra do frio. A temperatura varia entre 0ºC e 10ºC e
existe uma pequena chance de nevar. Nesse período é legal combinar a viagem para Mendoza com uma estação de ski! - Primavera e outono: são épocas em que as temperaturas ficam mais amenas, clima agradável. Dizem que nessa época a hospedagem fica mais em conta.
Clima e altitude
Como comentei ali em cima, o clima por lá é seco e as estações são bem definidas.
A altitude varia de acordo com a região, mas começa em 500m e pode chegar a quase 1700m com relação ao nível do mar.
Quantos dias ficar
Depende muito do ritmo da viagem e da quantidade de vinícolas que você deseja conhecer.
Eu fiquei 3 dias e meio, sendo 2 com a Fam Trip e outro dia “livre”. Analisando o que fizemos e as distâncias entre uma vinícola e outra – nada é muito perto por lá – eu aconselharia ficar uns 5 dias, para não ficar corrido e curtir cada vinícola com calma, curtir o clima do lugar que é tão bom e degustar os vinhos sem pressa.
Mas se você só tiver um final de semana já tá maravilhoso e você vai curtir igual. Só é bom ter em mente que muita coisa fecha aos domingos, inclusive algumas vinícolas.
Em geral, eu deixaria pra conhecer 2 vinícolas por dia, 3 no máximo.
Onde se hospedar: cidade ou vinícola?
Fiquei 3 noites em Mendoza, cada uma em um hotel diferente.
Primeira noite pegamos um hotel por contra própria no centro da cidade que eu não indico. Também não indico ficar muito próximo ao centro comercial.
Segunda noite ficamos no Hotel Esplendor, em Maipú, a uns 15km do centro da cidade, mais próximo de algumas vinícolas. Quem quiser saber mais é só clicar aqui pra ver o post completo sobre o hotel.
Na terceira e última noite nós ficamos hospedados no Rosell Boher Lodge, uma vinícola ma-ra-vi-lho-sa que eu queria voltar pra lá agora! Ela fica em Agrelo, um distrito de Luján de Cuyo. Pra ler o post contando sobre a experiência por lá é só clicar aqui.
Resumindo..
Depende muito seu budget e dos seus objetivos, mas eu aconselharia dividir a hospedagem em dois momentos, deixando um ou dois dias para ficar em algum hotel próximo à Praça Independência, que fica super perto restaurantes, cafés e bares legais, e as outras noites em uma vinícola, para curtir essa experiência deliciosa.
Fiz uma lista com alguns hotéis que vi na internet e, além de lindos, são bem avaliados no Trip Advisor:
- Na cidade: Casa Lila, Park Hyatt Mendoza Casino & Spa, Diplomatic. Eu também incluiria o Esplendor aqui, que não é bem na cidade, mas também não é em vinícola.
- Nas vinícolas: além da Rosell Boher Lodge, Cavas Wine Lodge, Entre Cielos e The Vines Resort & Spa.
Como se locomover
As pessoas geralmente alugam carros, vão de excursão ou contratam um receptivo/remis. Essa terceira opção acaba sendo mais “confortável” pelo fato de não precisar se preocupar com bebida + direção. Os receptivos não são baratos, mas alugar um carro na Argentina também não é.
Vale a pena dar uma pesquisa e ver o que vale mais a pena pro caso de cada um, mas em geral ir com mais pessoas acaba sendo mais vantajoso.
Eu estava com mais 13 pessoas e estávamos com uma van fretada.
Perguntei lá no Instagram se alguém tinha dicas de remis/tours e a @mariaelessi indicou o Leonardo da empresa Vindimia Wine Tours. Pelo que eu vi no Trip Advisor, a empresa é muito bem avaliada.
Câmbio: qual moeda levar
Troquei reais por dólares aqui em Porto Alegre e lá em Mendoza eu troquei os dólares por pesos argentinos. Mesmo fazendo duas conversões valia a pena.
Eu vi casas de câmbio no centro (comercial) de Mendoza, mas caso você chegue a noite ou num domingo, uma boa dica é trocar o dinheiro em algum cassino, que a conversão é praticamente a mesma.
Gastronomia: onde comer na cidade
- Azafrán Restó, próximo à Praça Independência. Parece um armazém. Super aconchegante e a comida era maravilhosa! Para conferir como foi a minha experiência por lá é só clicar aqui.
- Na região mais central de Mendoza tem a rua Arístides Villanueva que é cheia de bares, pubs e restaurantes.
- Outro lugar ali pertinho e que estava na minha lista era o María Antonieta, um café/restaurante que pertence à esposa do Francis Mallmann. Cheguei lá para comer uma sobremesa, mas já estava fechando.
Gastronomia: em quais vinícolas comer
- Almoço harmonizado na Bodega Casarena. Impecável! Foi tudo maravilhoso.
- Jantar harmonizado no Rosell Boher Lodge, uma delícia! Pra ver mais detalhes é só clicar aqui.
- Almoço na Bodega SuperUco. Comemos choripan após a nossa visita por lá, mas acredito que tenha sido especial pra nossa visita. Durante janeiro, fevereiro e março rola uma super experiência gastronômica por lá. O Tegui, considerada um dos melhores restaurantes de Buenos Aires, serve um jantar harmonizado com os vinhos da vinícola. O evento acontece a partir do pôr do sol! Deve ser incrível!
Gastronomia: lugares que eu não fui, mas estão na minha lista
- 1884 Francis Malmann, na vinícola a Bodega Escorihuela;
- Almoço harmonizado na vinícola Susana Balbo;
- Casa El Enemigo, na vinícola El Enemigo;
- Francis Mallmann’s Siete Fuegos;
- Almoço harmonizado na Bodega La Azul;
- Almoço harmonizado na Bodega Zuccardi;
- Padaria Bröd;
- Perín Heladeria;
- Chinitas Wine Club.
Principais uvas da região
- Principais uvas tintas da região: Malbec (que é a estrela da região), Bonarda, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Sangiovese e Tempranillo.
- Principais uvas brancas da região: Torrontés, Chardonnay, Sauvignon Blanc e Viognier.
As vinícolas
Dizem que Mendoza tem mais de 1200 vinícolas (ou bodegas, como eles chamam), mas “apenas” 100 e poucas estão abertas para visitação.
Vou listar as vinícolas que eu fui e as que eu gostaria de ter ido, mas depois vou fazer posts específicos sobre cada uma delas (e coloco o link aqui).
Vinícolas que eu visitei
- Bodega Casarena | Luján de Cuyo
- Rosell Boher | Luján de Cuyo
- Pulenta Estate | Luján de Cuyo
- Super Uco | Valle de Uco
- Bodega Viña el Cerno | Maipú
Um pouco mais sobre elas:
Bodega Casarena
Rosell Boher
Aqui no blog tem post contando sobre a degustação de espumantes na Rosell Boher Lodge.
Pulenta Estate
Super Uco
Nas cinco vinícolas o atendimento foi impecável! Todas eram familiares, mas completamente diferente uma da outra. De todas, eu destaco e indico as 4 primeiras – que são as das fotos aí em cima.
Antes do Fam Tour começar a gente ganhou um tour por três vinícolas + uma olivícola. Eu gostei apenas da Bodega Viña el Cerno e da olivícola Laur (mas vou comentar sobre ela aqui abaixo), as outras eu achei pega-turista.
Vinícolas que eu não visitei, mas ainda quero ir:
- Bodega Renacer | Luján de Cuyo
- Clos de Chacras | Luján de Cuyo
- Bodega La Azul | Valle de Uco
- Bodego El Enimigo | Maipú
- Susana Balbo Wines | Luján de Cuyo
- Bordega Norton | Luján de Cuyo
- Catena Zapata | Luján de Cuyo
- La Rural (Rutini) | Maipú
- Família Zuccardi | Maipú
- Chandon | Luján de Cuyo
Olivícolas
A Argentina tem ficado cada vez mais conhecida pela produção de azeite. Eu nunca tinha visitado uma olivícola antes e foi muito legal saber um pouco mais sobre o processo.
Algumas que se destacam por lá:
- Laur: uma olivícola muito legal em Maipú. Vou fazer um outro post contando mais!
- Pasrai, em Maipú. Tem degustação
- Familia Zuccardi, em Maipú. Eu não visitei, mas comprei o azeite na loja Sol y Vino, que vou comentar logo abaixo.
- Achaval-Ferrer, em Luján de Cuyo.
As duas últimas são vinícolas também. Não sei se tem tour e degustação de azeites. A própria Rosell Boher, que foi onde me hospedei por uma noite, também produz azeite, mas não vi pra vender.
Onde comprar vinhos e outros produtos locais
- Nas próprias vinícolas e olivícolas.
- Sol y Vino: uma loja ótima que fica bem pertinho do Azafrán Restó. Além de muuuuuuuitas (muitas!) opções de vinhos e espumantes, eles vendem também azeitonas, azeites, temperos, pastinhas, doce de leite, aljafor e souvenirs. O atendimento é super atencioso! E ja que eu falei em doce de leite e aljafor… Encontrei os meus favoritos da Argentina: Entre Dos, uma marca local e artesanal. Eu amei! Endereço: Av. Sarmiento 664.
- Supermercados: eu só fui no Carrefour e acho que algumas coisas valem a pena. Comprei chá preto da marca Inti Zén (e é de uma cidade pertinho da capital), chocolate Milka e um espumante brut rosé da Mumm (Argentina) que custou R$ 24. Muito bom o preço!
- Kioscos: melhor lugar pra comprar alfajor e chocolates.
O que conhecer e visitar em Mendoza
Eu ganhei um city tour e acho que foi um bom jeito em ter uma ideia da cidade em pouco tempo.
Lugares que a gente foi:
- Ruinas Jesuíticas de San Francisco
- Plaza Pedro del Castillo
- Parque O’Higgins
- Plaza Chile
- Plaza Independencia
- Praz Espanha
- Praza Italia
- Memorial de la Bandera del Ejército de los Andes
- Museo Carlos Alonso
- Bairro mais novo e nobre
- Parque San Martín – e os portões
- Cerro de La Gloria
A gente não chegou a parar em todos os pontos, mas eu adorei que a cidade é super arborizada e super tranquila (o city tour foi num domingo, então talvez tenha sido por isso a minha percepção).
As duas regiões que mais gostei foram a da Plaza Independência, que é onde tem algumas dicas de restaurantes e hotéis e também a região do Parque San Martín!
Um jeito muito legal de conhecer a cidade e não gastar tanto é o Bus Turístico, que tem o sistema hip on/hip off e tem acesso ao áudio em 4 línguas. Mais informações aqui.
Limite de garrafas de vinhos e espumantes na bagagem de mão e despachada
Nos voos internacionais, o limite de transporte é 12 litros de bebida alcoólica por pessoa – o que equivale a 16 garrafas de vinho/espumante de 750ml.
E sabe aquela regra de não poder levar frascos com mais de 100ml na bagagem de mão? Nos voos entre o Brasil e outros países da América do Sul é possível levar até 5l de bebida alcoólica na bagagem de bordo (ou seja, se for vinho ou espumante, é permitido até 6 garrafas). Nesse caso as garrafas devem estar lacradas e respeitar o limite de teor alcoólico, que é 70%.
Esse assunto foi uma polêmica durante a viagem porque, em geral, as cias aéreas não estão bem informadas e cada um passa uma informação. Eu voei de Aerolineas Argentinas e não tive problema, mas vi relatos de outras que acabaram não permitindo. Informe-se com a sua cia aérea que você irá viajar.
Em algumas vinícolas e lojas eu vi uma embalagem especial para lacrar e proteger a garrafa com plástico bolha (foto abaixo). O legal é que ela é reutilizável, então dá pra levar em outras viagens.
Combinando Mendoza com outros destinos
- Estação de Ski: a minha viagem foi um combo incrível com Mendoza + Las Leñas e eu amei. Não é pertinho, mas a estrada é linda e eu indico muito esse combo!
- Aconcágua: apenas a maior montanha fora da Ásia. O Parque Provincial Aconcagua fica a quase 2h de distância do centro de Mendoza, na divisa com o Chile. Queria muito ter ido lá! Muitas empresas fazem day tour até a base da montanha, mas tem muita gente que faz expedições maiores.
- Potrerillos, Puente del Inca e povoado de Uspallata: geralmente são destinos combinados, que acabam sendo visitados junto com o Aconcágua nos passeios e excursões.
- Buenos Aires: Buenos Aires is always a good ideia. Vale a pena fazer um stopover e curtir a cidade. Pra ler posts sobre a capital argentina é só clicar aqui.
- Santiago: muita gente acaba fazendo conexão. Se esse for o caso e se você tiver tempo, vale a pena dar uma esticada em Santiago! Os meus posts de lá são mais antigos, mas pra ler é só clicar aqui.
Dica final
Hidrate-se! Beba muita água! A dica vale tanto em função do vinho, quanto pela altitude e clima árido!
Muito bom obrigada pelas dicas
Oi Cleide! Tudo bem?
De nada! Fico feliz que você tenha gostado 🙂